
Este roteiro foi publicado originalmente no meu Wikiloc em setembro de 2023 e agora está disponível aqui no site. Para conhecer sobre o projeto TemTrilha, visite a página Sobre.
Circuito a pé saindo do Sítio Surrão, passando pela imponente Serra Velha, em Ingá/PB, e depois pela desafiadora Serra da Catuama, em Fagundes/PB. O percurso tem aproximadamente 28 km e foi realizado em três dias, sendo o primeiro dia começando já próximo do final da tarde. Caso queira, também poderá ser realizado em dois dias.
Com pernoites em acampamentos selvagens, o percurso proporciona uma verdadeira experiência de trekking em montanha, em contato direto com a natureza do agreste paraibano.
Os pontos altos dessa rota são a conquista do pico da Serra Velha, na Pedra do Campo, e a subida até a Pedra do Urubu, um dos subcumes da Serra da Catuama. Ambos os picos foram os pontos de pernoite dos acampamentos.
No último dia, o percurso consiste basicamente em retornar ao ponto de onde o trekking começou. Caminhando por um trecho mais baixo, é possível apreciar o complexo de serras formado pela junção da Serra Velha com a Serra da Catuama, criando uma verdadeira cordilheira.
Esse roteiro foi pensado para ligar as principais atrações pelo caminho, aproveitando apenas trilhas e estradas já existentes das serras — sem precisar abrir novos acessos. Todo o trajeto foi elaborado por mim, sem recorrer a tracklogs pré-existentes.
Estou disponibilizando este roteiro para que você possa planejar ou adaptar sua aventura, aproveitando cada parada e detalhe da região.

Para quem prefere mais intensidade, o circuito também pode ser completado em dois dias, começando cedo no primeiro dia. O acampamento do primeiro dia está localizado na Pedra do Campo, com vista panorâmica sobre a região de Ingá e arredores, enquanto o segundo dia termina na Pedra do Urubu, proporcionando momentos inesquecíveis ao pôr e nascer do sol.
Ao longo da trilha, toda a água para consumo foi obtida em casas de moradores locais, o que torna o percurso ainda mais autêntico e conectado à cultura da região.
Além das paisagens deslumbrantes e das serras, o circuito oferece oportunidades de observar a fauna e flora características do agreste e explorar trechos de mata nativa e formações rochosas.
A cidade de Ingá/PB fica a aproximadamente 100 km de João Pessoa e 40 km de Campina Grande, sendo possível chegar de ônibus pela empresa Viação Rio Tinto ou de carro pela BR-230.
Para quem estiver de carro, a trilha começa e termina no mesmo ponto, não sendo necessário nenhum tipo de transfer. Deixei o carro em frente à casa de Seu Aluísio, morador local do Sítio Surrão de Baixo, no ponto indicado no tracklog como estacionamento.
Um detalhe importante: na época em que fui, a estrada até o Sítio Surrão não constava no Google Maps, o que implica no não traçado da rota pelo maps até o local. Para contornar esse problema, disponibilizei no meu Wikiloc o tracklog “Trajeto de Ingá ao Sítio Surrão“, que pode ser utilizado para chegar ao ponto de estacionamento.
A estrada de Ingá até o estacionamento é relativamente boa, e não foi necessário utilizar um carro 4×4. No entanto, há um trecho na subida do Riacho do Surrão, próximo ao final, que exige atenção: a inclinação é considerável e o terreno possui cascalho e pedras soltas.
Este roteiro é uma experiência passando pelas serras de Ingá, Itatuba e Fagundes. O trekking teve duração de três dias, atravessando serras, mirantes e formações rochosas típicas do agreste. Com cerca de 28 km no total, a trilha foi realizada com dois acampamentos selvagens.
Situado numa região que pode ser considerada as terras altas do Agreste Paraibano, o circuito passa por pontos de serra com altitudes variando entre 330 m e 645 m. Entre eles, destacam-se a Pedra do Campo, o cume da Serra Velha e a Pedra do Urubu, um dos subcumes da Serra da Catuama.
Ao longo do percurso, os aventureiros encontram vistas panorâmicas, mirantes naturais e a oportunidade de se conectar com a cultura local, já que a trilha passa por várias casas de moradores no alto da serra.


O primeiro dia (Dia 1 – Do Sítio Surrão de Baixo ao Acampamento na Serra Velha) inicia no estacionamento do Sítio Surrão e segue até o acampamento na Pedra do Campo, no topo da Serra Velha. Ao longo da subida, é possível passar por alguns mirantes e apreciar a vista panorâmica das terras altas.
O segundo dia (Dia 2: Do Acampamento na Serra Velha à Pedra do Urubu) começa do acampamento na Pedra do Campo em direção ao acampamento da Pedra do Urubu, na Serra da Catuama. A trilha segue por sobre a serra, na porção localizada em Fagundes/PB, passando por lugares como a Pedra do Convento, a Pedra da Furna e o Lajedo Bonito.
O terceiro e último dia (Dia 3 – Da Pedra do Urubu ao Sítio Surrão de Baixo) marca o retorno ao estacionamento no Sítio Surrão, por uma rota que segue pela parte inferior da serra. Durante o trajeto, temos uma ampla vista de toda a sua extensão, agora observada de baixo.
Confira, a seguir, o relato completo da travessia, com orientações de logística e curiosidades do caminho.
Distância: 2,4 km | Elevação: 311 m
O dia começou em frente à casa de Seu Aluísio, no Sítio Surrão de Baixo. Ele nos recebeu com muita simpatia e deixou estacionar o carro em sua propriedade. Depois disso, voltamos um pequeno trecho pela estrada até o início da subida da serra.
O percurso até o local de acampamento tem cerca de 2,3 km, com alguns trechos de inclinação acentuada no início, que vão suavizando à medida que se ganha altitude.
Iniciamos a subida às 16h e levamos aproximadamente 1 hora para chegar ao topo. Durante o trajeto há pontos com mirantes para a parte de baixo da serra, sendo possível observar além do vale do Riacho Surrão, toda a região.



A trilha no geral é bem marcada e consolidada, com trechos amplos e de fácil orientação. Fique atento às bifurcações e para um trecho ou outro com o mato mais fechado. Apenas na primeira bifurcação é preciso atenção para não seguir em direção à Serra da Catuama; o caminho correto segue sempre pela esquerda.
Antes de subir, hidratei-me bem e levei 2,5 litros de água: consumi meio litro durante a subida, utilizei 1 litro no acampamento (entre preparo de comida e consumo) e mais 1 litro no início do dia seguinte na casa de um morador — embora meio litro teria sido suficiente. Caso precise, leve mais água.
Carreguei mais água do que o necessário por se tratar de uma trilha exploratória, sem a certeza da presença de moradores na parte alta da serra. Para a subida, 2 litros teriam sido adequados.
O local do acampamento oferece bastante espaço para armar barracas e é bem protegido do vento.



Bem perto dali fica a Pedra do Campo, o ponto mais alto da Serra Velha, com cerca de 603 metros de altitude. De lá é possível assistir tanto ao nascer quanto ao pôr do sol, além de avistar cidades vizinhas, como Itatuba e Ingá.
Distância: 11,5 km | Elevação: 501 m
Começamos a trilha por volta das 8h. Esse foi o dia com mais subidas, por isso sugiro uma saída mais cedo, principalmente para pegar o horário menos quente do dia.

Arrumamos as mochilas e partimos em direção à Pedra do Urubu, um mirante na serra vizinha, a Serra da Catuama. Após uns 2 km do acampamento, chegamos ao primeiro ponto de água, onde um morador nos recebeu com gentileza e nos cedeu água.
Após reabastecermos a água, seguimos em direção à Pedra do Convento e à Pedra da Furna, que ficam bem próximas e oferecem vistas muito bonitas da região de Ingá e Fagundes. A trilha segue pela cumeeira da serra, alternando trechos ensolarados e outros cobertos pela sombra da mata.



O caminho é bem marcado, mas em alguns pontos aparecem bifurcações que descem a serra. É importante ficar atento e seguir pelo tracklog para não se desviar.
Cerca de 5 km depois da Pedra do Convento, fizemos uma parada estratégica em uma casa de morador. Pedimos licença para usar as mesas e aproveitamos o espaço simples e acolhedor para descansar e almoçar. Foi um respiro muito bem-vindo no meio da jornada.


Após essa parada, seguimos mais 2,5 km até outro ponto de água, localizado antes da subida mais longa do dia, a da Pedra do Urubu. O trecho passa por áreas abertas e depois por uma estrada rural, até o início da ascensão.
Antes de enfrentar a subida, encontramos outra casa de morador, onde reabastecemos as garrafas e ainda havia uma pequena venda com alguns itens básicos. Partimos para a subida com 1,5 litro de água, suficiente até o acampamento, já que no dia seguinte voltaríamos a passar por ali.
A subida até a Pedra do Urubu tem cerca de 2 km, alternando trechos íngremes e planos. Chegamos no momento certo para assistir ao pôr do sol, que presenteou a chegada com uma vista incrível das cidades de Fagundes, Galante e Campina Grande — um belo encerramento para o segundo dia de caminhada.



Distância: 14,5 km | Elevação: 254 m
Este dia é basicamente dedicado à descida da Serra da Catuama e ao retorno ao ponto de estacionamento Seguimos pela parte inferior da serra. O percurso é feito inteiramente por estrada rural e caminhos de fazendas, com terreno relativamente plano.

Nos primeiros 5 km, é possível encontrar água em algumas casas ao longo do caminho, o que facilita a hidratação antes da parte mais longa do trajeto. Após esse trecho, o próximo ponto seguro de água só aparece por volta do km 12, no Bar do Geraldo, já chegando ao Surrão.
A estrada apresenta trechos variados, alternando partes planas e suaves descidas. Apesar de ser um dia menos intenso do que as subidas nos dias anteriores, é importante manter o ritmo constante e aproveitar a paisagem da região.
É possível apreciar a vista do complexo de serras, através da junção da Serra Velha e da Serra da Catuama, formando uma verdadeira cordilheira. Embaixo, tente localizar os picos por onde o trekking passou nos dias anteriores, como a Pedra do Urubu, a Pedra do Campo, a Pedra do Convento e a Pedra da Furna.



Pelo caminho, vale também observar os pequenos sítios, que acrescentam charme e história à paisagem.
O final do percurso traz a satisfação de completar a travessia, retornando ao ponto de estacionamento e encerrando a experiência com segurança. Esse dia também é ideal para observar detalhes da região que muitas vezes passam despercebidos durante as subidas mais exigentes.