Volta da Serra Velha e Serra da Catuama: Um Trekking pelas Terras Altas do Agreste Paraibano

NordesteParaíba2 meses atrás26 Visualizações

Percorra as serras de Ingá, Itatuba e Fagundes em um circuito pelas terras altas do agreste paraibano.

Este roteiro foi publicado originalmente no meu Wikiloc em setembro de 2023 e agora está disponível aqui no site. Para conhecer sobre o projeto TemTrilha, visite a página Sobre.

Informações

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Circuito a pé saindo do Sítio Surrão, passando pela imponente Serra Velha, em Ingá/PB, e depois pela desafiadora Serra da Catuama, em Fagundes/PB. O percurso tem aproximadamente 28 km e foi realizado em três dias, sendo o primeiro dia começando já próximo do final da tarde. Caso queira, também poderá ser realizado em dois dias.

Com pernoites em acampamentos selvagens, o percurso proporciona uma verdadeira experiência de trekking em montanha, em contato direto com a natureza do agreste paraibano.

Os pontos altos dessa rota são a conquista do pico da Serra Velha, na Pedra do Campo, e a subida até a Pedra do Urubu, um dos subcumes da Serra da Catuama. Ambos os picos foram os pontos de pernoite dos acampamentos.

No último dia, o percurso consiste basicamente em retornar ao ponto de onde o trekking começou. Caminhando por um trecho mais baixo, é possível apreciar o complexo de serras formado pela junção da Serra Velha com a Serra da Catuama, criando uma verdadeira cordilheira.

Esse roteiro foi pensado para ligar as principais atrações pelo caminho, aproveitando apenas trilhas e estradas já existentes das serras — sem precisar abrir novos acessos. Todo o trajeto foi elaborado por mim, sem recorrer a tracklogs pré-existentes.

Estou disponibilizando este roteiro para que você possa planejar ou adaptar sua aventura, aproveitando cada parada e detalhe da região.

Para quem prefere mais intensidade, o circuito também pode ser completado em dois dias, começando cedo no primeiro dia. O acampamento do primeiro dia está localizado na Pedra do Campo, com vista panorâmica sobre a região de Ingá e arredores, enquanto o segundo dia termina na Pedra do Urubu, proporcionando momentos inesquecíveis ao pôr e nascer do sol.

Ao longo da trilha, toda a água para consumo foi obtida em casas de moradores locais, o que torna o percurso ainda mais autêntico e conectado à cultura da região.

Além das paisagens deslumbrantes e das serras, o circuito oferece oportunidades de observar a fauna e flora características do agreste e explorar trechos de mata nativa e formações rochosas.

Como Chegar

A cidade de Ingá/PB fica a aproximadamente 100 km de João Pessoa e 40 km de Campina Grande, sendo possível chegar de ônibus pela empresa Viação Rio Tinto ou de carro pela BR-230.

Para quem estiver de carro, a trilha começa e termina no mesmo ponto, não sendo necessário nenhum tipo de transfer. Deixei o carro em frente à casa de Seu Aluísio, morador local do Sítio Surrão de Baixo, no ponto indicado no tracklog como estacionamento.

Um detalhe importante: na época em que fui, a estrada até o Sítio Surrão não constava no Google Maps, o que implica no não traçado da rota pelo maps até o local. Para contornar esse problema, disponibilizei no meu Wikiloc o tracklog Trajeto de Ingá ao Sítio Surrão“, que pode ser utilizado para chegar ao ponto de estacionamento.

A estrada de Ingá até o estacionamento é relativamente boa, e não foi necessário utilizar um carro 4×4. No entanto, há um trecho na subida do Riacho do Surrão, próximo ao final, que exige atenção: a inclinação é considerável e o terreno possui cascalho e pedras soltas.

O Circuito

Este roteiro é uma experiência passando pelas serras de Ingá, Itatuba e Fagundes. O trekking teve duração de três dias, atravessando serras, mirantes e formações rochosas típicas do agreste. Com cerca de 28 km no total, a trilha foi realizada com dois acampamentos selvagens.

Situado numa região que pode ser considerada as terras altas do Agreste Paraibano, o circuito passa por pontos de serra com altitudes variando entre 330 m e 645 m. Entre eles, destacam-se a Pedra do Campo, o cume da Serra Velha e a Pedra do Urubu, um dos subcumes da Serra da Catuama.

Ao longo do percurso, os aventureiros encontram vistas panorâmicas, mirantes naturais e a oportunidade de se conectar com a cultura local, já que a trilha passa por várias casas de moradores no alto da serra.

O primeiro dia (Dia 1 – Do Sítio Surrão de Baixo ao Acampamento na Serra Velha) inicia no estacionamento do Sítio Surrão e segue até o acampamento na Pedra do Campo, no topo da Serra Velha. Ao longo da subida, é possível passar por alguns mirantes e apreciar a vista panorâmica das terras altas.

O segundo dia (Dia 2: Do Acampamento na Serra Velha à Pedra do Urubu) começa do acampamento na Pedra do Campo em direção ao acampamento da Pedra do Urubu, na Serra da Catuama. A trilha segue por sobre a serra, na porção localizada em Fagundes/PB, passando por lugares como a Pedra do Convento, a Pedra da Furna e o Lajedo Bonito.

O terceiro e último dia (Dia 3 – Da Pedra do Urubu ao Sítio Surrão de Baixo) marca o retorno ao estacionamento no Sítio Surrão, por uma rota que segue pela parte inferior da serra. Durante o trajeto, temos uma ampla vista de toda a sua extensão, agora observada de baixo.

Confira, a seguir, o relato completo da travessia, com orientações de logística e curiosidades do caminho.

Dia 1: Do Sítio Surrão de Baixo ao Acampamento na Serra Velha

Distância: 2,4 km | Elevação: 311 m

O dia começou em frente à casa de Seu Aluísio, no Sítio Surrão de Baixo. Ele nos recebeu com muita simpatia e deixou estacionar o carro em sua propriedade. Depois disso, voltamos um pequeno trecho pela estrada até o início da subida da serra.

O percurso até o local de acampamento tem cerca de 2,3 km, com alguns trechos de inclinação acentuada no início, que vão suavizando à medida que se ganha altitude.

Iniciamos a subida às 16h e levamos aproximadamente 1 hora para chegar ao topo. Durante o trajeto há pontos com mirantes para a parte de baixo da serra, sendo possível observar além do vale do Riacho Surrão, toda a região.

A trilha no geral é bem marcada e consolidada, com trechos amplos e de fácil orientação. Fique atento às bifurcações e para um trecho ou outro com o mato mais fechado. Apenas na primeira bifurcação é preciso atenção para não seguir em direção à Serra da Catuama; o caminho correto segue sempre pela esquerda.

Antes de subir, hidratei-me bem e levei 2,5 litros de água: consumi meio litro durante a subida, utilizei 1 litro no acampamento (entre preparo de comida e consumo) e mais 1 litro no início do dia seguinte na casa de um morador — embora meio litro teria sido suficiente. Caso precise, leve mais água.

Carreguei mais água do que o necessário por se tratar de uma trilha exploratória, sem a certeza da presença de moradores na parte alta da serra. Para a subida, 2 litros teriam sido adequados.

O local do acampamento oferece bastante espaço para armar barracas e é bem protegido do vento.

Bem perto dali fica a Pedra do Campo, o ponto mais alto da Serra Velha, com cerca de 603 metros de altitude. De lá é possível assistir tanto ao nascer quanto ao pôr do sol, além de avistar cidades vizinhas, como Itatuba e Ingá.

Dia 2: Do Acampamento na Serra Velha à Pedra do Urubu

Distância: 11,5 km | Elevação: 501 m

Começamos a trilha por volta das 8h. Esse foi o dia com mais subidas, por isso sugiro uma saída mais cedo, principalmente para pegar o horário menos quente do dia.

Arrumamos as mochilas e partimos em direção à Pedra do Urubu, um mirante na serra vizinha, a Serra da Catuama. Após uns 2 km do acampamento, chegamos ao primeiro ponto de água, onde um morador nos recebeu com gentileza e nos cedeu água.

Após reabastecermos a água, seguimos em direção à Pedra do Convento e à Pedra da Furna, que ficam bem próximas e oferecem vistas muito bonitas da região de Ingá e Fagundes. A trilha segue pela cumeeira da serra, alternando trechos ensolarados e outros cobertos pela sombra da mata.

O caminho é bem marcado, mas em alguns pontos aparecem bifurcações que descem a serra. É importante ficar atento e seguir pelo tracklog para não se desviar.

Cerca de 5 km depois da Pedra do Convento, fizemos uma parada estratégica em uma casa de morador. Pedimos licença para usar as mesas e aproveitamos o espaço simples e acolhedor para descansar e almoçar. Foi um respiro muito bem-vindo no meio da jornada.

Após essa parada, seguimos mais 2,5 km até outro ponto de água, localizado antes da subida mais longa do dia, a da Pedra do Urubu. O trecho passa por áreas abertas e depois por uma estrada rural, até o início da ascensão.

Antes de enfrentar a subida, encontramos outra casa de morador, onde reabastecemos as garrafas e ainda havia uma pequena venda com alguns itens básicos. Partimos para a subida com 1,5 litro de água, suficiente até o acampamento, já que no dia seguinte voltaríamos a passar por ali.

A subida até a Pedra do Urubu tem cerca de 2 km, alternando trechos íngremes e planos. Chegamos no momento certo para assistir ao pôr do sol, que presenteou a chegada com uma vista incrível das cidades de Fagundes, Galante e Campina Grande — um belo encerramento para o segundo dia de caminhada.

Dia 3: Da Pedra do Urubu ao Sítio Surrão de Baixo

Distância: 14,5 km | Elevação: 254 m

Este dia é basicamente dedicado à descida da Serra da Catuama e ao retorno ao ponto de estacionamento Seguimos pela parte inferior da serra. O percurso é feito inteiramente por estrada rural e caminhos de fazendas, com terreno relativamente plano.

Nos primeiros 5 km, é possível encontrar água em algumas casas ao longo do caminho, o que facilita a hidratação antes da parte mais longa do trajeto. Após esse trecho, o próximo ponto seguro de água só aparece por volta do km 12, no Bar do Geraldo, já chegando ao Surrão.

A estrada apresenta trechos variados, alternando partes planas e suaves descidas. Apesar de ser um dia menos intenso do que as subidas nos dias anteriores, é importante manter o ritmo constante e aproveitar a paisagem da região.

É possível apreciar a vista do complexo de serras, através da junção da Serra Velha e da Serra da Catuama, formando uma verdadeira cordilheira. Embaixo, tente localizar os picos por onde o trekking passou nos dias anteriores, como a Pedra do Urubu, a Pedra do Campo, a Pedra do Convento e a Pedra da Furna.

Pelo caminho, vale também observar os pequenos sítios, que acrescentam charme e história à paisagem.

O final do percurso traz a satisfação de completar a travessia, retornando ao ponto de estacionamento e encerrando a experiência com segurança. Esse dia também é ideal para observar detalhes da região que muitas vezes passam despercebidos durante as subidas mais exigentes.

Dicas e Recomendações

  • Leve seu lixo de volta, feche as porteiras/tronqueiras, evite danificar as cercas;
  • Lembre-se, você é inteiramente responsável ao decidir e realizar a trilha. Use por sua conta em risco. As informações presentes aqui visam apenas serem informativas e auxiliares;
  • Nível de orientação intermediário, recomendada apenas para quem tem habilidade com GPS offline ou mapa e bússola;
  • Esforço físico moderado pela distância e terreno, possuindo algumas subidas e descidas íngremes. Para iniciantes ou pessoas sem condicionamento físico pode ser uma trilha de alta dificuldade principalmente devido ao peso da mochila;
  • Propriedades particulares no caminho, seja gentil e peça permissão para passagem;
  • Planeje bem a quantidade de água, principalmente se for fazer na época da estiagem;
  • Comunidades no percurso é importante o silêncio e respeito aos costumes locais. Seja gentil e peça permissão para passagem;
  • A progressão da trilha depende do terreno, estado da trilha, da sua condição física, da navegação, etc. Se conheça primeiramente para poder chegar com segurança antes do final do dia no acampamento. Alguns pontos de acampamento intermediários podem ser encontrados no caminho;
  • A maior parte da trilha é exposta ao tempo, protetor solar e chapéu são importantes;

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